quarta-feira, 27 de setembro de 2023

NZINGA





Com quantas referências se produz o encantamento?

De quanta pesquisa, de quanto sentipensar nasce um ato, uma peça, uma palavra enunciada?

Nzinga em Ourinhos hoje

NZINGA E NGOLA MBANDI. Dramas universais. Zumbi e Ganga Zumba também não usam black tie na lida com as promessas do invasor.

Aos poucos começa-se a aprender que o poder é feminino e a autoridade, masculina. A reflexão vai aprofundando e a mente tenta acompanhar a profusão de sentidos.

Nizinga é o Sol para além do Ndongo. Muito antes e depois do colonialismo.

Ética comunitária Bakongo, Mbundu, Tchokwe. Pluriversos, absorver mundos no próprio mundo.

Espaço e tempo em espiral. Paradoxo temporal: passado-presente-futuro na diáspora e na resistência.

Corpografia, palavra enunciada, sons, músicas, iluminação: linguagens pensadas para que compreendamos a paisagem profunda – para além dos fatos. Fiquei pensando que aqui se dá a confluência mais intensa da descrição / narrativa densa proposta por Clifford Geertz.

Não há como não sair tocado, tensionado com uma peça assim.

Difícil encontrar palavras. Só consegui escrever fragmentos. Acho que a costura deve vir com os sonhos.

Gratidão, mais uma vez, Cultura Ourinhos!

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Oficina

 






Obrigado Zé Celso por nos ter ensinado tão bem que para compreender a loucura em que vivemos, é preciso ser ainda mais louco.

“Com muita honra! O Rei da Vela miserável dos agonizantes. O Rei da vela de sebo. E da vela feudal que nos fez adormecer em criança pensando nas histórias das negras velhas… Da vela pequeno-burguesa dos oratórios e das escritas em casa… As empresas elétricas fecharam com a crise… Ninguém mais pode pagar o preço da luz… A vela voltou ao mercado pela minha mão previdente. Veja como eu produzo de todos os tamanhos e cores. (Indica o mostruário). Para o Mês de Maria, para as cidades caipiras, para os armazéns do interior onde se vende e se joga à noite, para a hora de estudo das crianças, para os contrabandistas no mar, mas a grande vela é à vela da agonia, aquela pequena velinha de sebo que espalhei para o Brasil inteiro… Num país medieval como nosso, quem se atreve a passar os umbrais da eternidade sem uma vela na mão? Herdo um tostão de cada morto nacional!” Oswald de Andrade, 1933.

Que sua vida, sua luta, suas alegrias e dores, Zé, sejam celebradas em todos os teatros deste país que você nos revelou e ajudou a ver pela frente e pelo avesso.

 

 

 

 

 

quarta-feira, 5 de julho de 2023

Religiosos

 

Em Nome de Deus, matar

Em nome da Pátria, matar

Em nome da Família, matar

Em nome da Liberdade, matar


Até quando toleraremos isto?


Valadões religiosos


quinta-feira, 8 de junho de 2023

A mulher que se foi

 

Assistido. Que estranhíssimo mundo este do outro lado. Pessoas ‘orientais’ falando língua tagalo em que você entende muitas palavras. É espanhol. Tudo misturado. Até a entonação algumas vezes. E é uma país católico. Não por acaso o país se chama Filipinas.

Mendigos loucos, homossexuais espancados, pobres vendedores de tudo um pouco, padres, violência, lixo, fé, religiosidade, corrupção, famílias poderosas, “bota-abaixo” casas pobres, cortiços sem escritura... Ainda assim afeto entre os mais ferrados do mundo.

Não recomendo: quase quatro horas de filme, em preto e branco, muito estudo da luz que traz imagens lindas e um final sem desfecho (ou infeliz, com uma metáfora de uma justiça que ainda não se cumpriu). Que estranhíssimo mundo este do outro lado.




quarta-feira, 31 de maio de 2023

O GOVERNO FOI DERROTADO (?)

 

O GOVERNO FOI DERROTADO (?)

 

A cobertura da grande mídia pauta sempre suas notícias numa possível desarticulação do governo. O que seria? Falta de negociação? Falta de conceder mais verbas para os senhores deputados “doarem” benesses para suas bases, mantendo o coronelato moderno?

A manchete correta seria: VENCERAM OS INTERESSES ESCUSOS. Ou, melhor ainda: SUICIDOU-SE O POVO BRASILEIRO.

Sim. A população comete suicídio inconsciente quando é convencida por pautas moralistas – família, Deus, morte aos bandidos – a continuar votando nos representantes dos partidos do chamado ‘centrão’ (atualmente Progressistas, Republicanos, Solidariedade, PL, PTB, PSD, DEM, MDB, PROS, PSC, Avante, Novo, União Brasil e Patriota, mas já foram outros – quando eles se desgastam pelo excesso de denúncias de corrupção e incompetência, mudam a sigla, para não mudar a essência).  Seus verdadeiros interesses ficam claros quando se vê a defesa do interesse de seus financiadores – projetos de lei de veneno, bala, destruição do que sobrou da natureza, privatização da educação, da saúde, diminuição dos direitos trabalhistas.  

A formação desta maioria no Congresso Nacional obriga qualquer governo a ter que negociar e, por vezes, ceder aos interesses destes senhores deputados e senadores. Interesses que envolvem o seu próprio bem-estar (a pequena corrupção de apenas alguns milhões) e de seus financiadores (a grande corrupção).

A grande mídia precisa ser mais honesta. Na cobertura das disputas do congresso não nos interessam picuinhas, joguinhos, agrados. A pergunta sempre é: a maioria da população perdeu ou ganhou?


terça-feira, 9 de maio de 2023

Rita Lee foi passear....



Rita Lee foi passear....
Uma vida de transgredir, ir além, atravessar.
É um daqueles seres que vieram pra bagunçar, reorganizar, dar sentido à cultura de um povo, de muitas gerações.
Gratidão por toda alegria, por canções, melodias, letras prosaicas, profanas, sublimes.
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar, não vou chorar
Sim, amou demais
Cheia de graça
Fez um monte de gente feliz

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Ensino de História

 

 

São muitos movimentos necessários, mas isso não deve nos desanimar. Em alguns lugares, inclusive em pós-graduações em que trabalho, historiadores têm utilizado a alegação do avanço – importante, fundamental e que deve ser reconhecido e aplaudido - das pesquisas em História Pública para argumentar a indissociabilidade entre ensino e pesquisa. Que bom, né? Nas entrelinhas, contudo, está a eliminação da potencialidade reflexiva e formadora das investigações do campo de pesquisa do ensino de História. Não necessitamos deste campo, por que todos nós temos autoridade para falar sobre aprendizagem dentro e fora das escolas, mesmo que nunca tenhamos publicado nada sobre aprendizagem, crianças, adolescentes e jovens, história da escolarização, linguagem, letramento, progressão, significância etc.

Penso que é fundamental assumirmos o "Ensino de História no Ensino Superior: Revisão Urgente". E - em conjunto e inseparavelmente - estará a nossa postura e defesa da legitimidade e protagonismo da nossa voz na discussão sobre o currículo e demais proposições para a Educação Básica (em conjunto com os docentes que atuam diretamente neste nível). A defesa da presença da História no currículo, sustentada por uma reflexão profunda da sua potencialidade formadora é uma parte deste trabalho. A outra é apontar as demandas que a aprendizagem escolar de História pode e consegue atender no mundo contemporâneo, implicando os critérios de seleção para conteúdos substantivados e procedimentos a serem abordados progressivamente desde a Ed. Infantil. Ao meu ver, são os meus colegas pesquisadores do ensino de História que melhor conseguem fazer esta apropriação da riqueza da produção historiográfica contemporânea para responder a estas demandas.

Alimentando o debate e a dialética entre Ed. Básica e Ensino Superior talvez consigamos galgar mais espaços e o respeito que ainda não temos por parte de alguns (infelizmente muitos) colegas historiadores – historiadores como nós, é sempre bom lembrar!